segunda-feira, 19 de junho de 2017

CRÔNICAS DE UM TURISTA PROFISSIONAL

O Umbigo do Mundo.

Cusco, Peru, o “Umbigo do Mundo”. A designação vem do quéchua, a língua dos ancestrais dos peruanos daquela região, incluídos os Incas, e falada hoje ainda por mais de dez milhões de pessoas, que chamavam a cidade de “Qosqo”, que quer dizer literalmente “Umbigo do Mundo”.  É uma designação muito mais mística que racional, símbolo da energia que emana do local, afinal o umbigo, embora não tenha a importância de um coração, de um fígado, de um pulmão, é, no dizer dos cientistas, o centro de gravidade e de equilíbrio do corpo humano.   Ou seja, unindo a experiência científica com a crença dos cusquenos, podemos sintetizar que tudo que havia no mundo, até então em grande parte desconhecido dos incas,“gravitava” em torno de Cusco.

A capital inca pode não ser o umbigo do mundo (como eles acreditavam ser), mas é a capital cultural do Peru moderno e a sétima cidade do país em termos populacionais. Cusco está para os incas assim como Meca está para os muçulmanos.Cusco sintetiza o sincretismo cultural derivado do império inca e dos espanhóis que o subjugaram. 

Até na religião o sincretismo manifesta-se: ao catolicismo típico dos espanhóis juntou-se as manifestações pré-hispânicas de povos como os incas, que veneravam, por exemplo, a “Mãe Terra” (Pachamama) e o Deus Sol (Inti).. A isso podemos dar o nome de “catolicismo popular peruano”. Cusco, aliás, é uma cidade com muitas igrejas, muitas mesmo. A maioria, na cor marrom, sendo as mais importantes, e bonitas, as da Praça das Armas.  Mas é também ali que se celebra a “Festa do Sol”, ou “Inti Raymi”, no solstício de inverno, que não é uma celebração propriamente católica, mas na qual todos os cusquenos participam. Em junho, aliás, a cidade ferve por conta dos festejos culturais: todas as comunidades e pequenas cidades da região participam de um desfile muitas vezes animado por carros alegóricos e bonecões parecidos com os de Olinda.. Uma festa alegre, bela e segura.

A cidade tem um encanto diferente. Muitos prédios históricos estão entre os mais bonitos da América, o que torna o passeio em meio à altitude bem mais agradável. 

San Blas é o bairrinho típico de Cusco. É como Montmartre em Paris, só que em termos cusquenhos: artistas de rua, uma igreja pitoresca e belos casarios compõe o local. No caminho para San Blas, a partir da praça principal da cidade, aparece um muro formado por pedras típicas dos incas, que é uma atração local e chamada de “Pedra de Doze Ângulos” e muitas lojinhas de suvenires, que vendem principalmente as bonequinhas (e bonequinhos) de “bumbum” grande.  Mas não somente bonequinhas de bumbum grande aparecem pela frente – há também as senhoras com suas inconfundíveis lhamas, um dos animais símbolos do Peru, prontas para tirar uma foto com turistas a troco de parcos nuevos soles.

Enfrentar Cusco é tarefa árdua. A sua altitude, de 3.400m, é uma das maiores do mundo em termos urbanos. O mal de altitude, que por lá chamam de “soroche”, cobra o seu preço e o chá de coca é a salvação das pobres almas desacostumadas (ou desafortunadas). Há ainda uma balinha de coca, mas seu efeito não é comprovado; parece um toffee, porém sem gosto algum. Sinto cheiro de enganação no ar, e vejo verdade só na ajuda do chazinho....

Mas não só na altitude residem os problemas na adaptação à Cusco. A cidade também é contraindicada para albinos, já que os índices de radiação ultravioleta por lá alcançam o patamar de 25, sendo que o nível considerado satisfatório é no máximo 11. A explicação dada por cientistas é que o Peru está localizado perto da zona equatorial, sendo que a incidência de raios solares acaba atingindo o território de maneira perpendicular.  Soma-se a isso a falta de chuvas e céus encobertos que permitem a passagem fácil dos raios e temos uma situação extrema.

Cusco é para os fortes e para os que têm sede de cultura. Há muito a se admirar nessa cidade, que inspira descobertas.

domingo, 18 de junho de 2017

ARGÉLIA

Bandeira do país



A bandeira argelina tem as duas faixas verticais, nas cores verde e branco. Além disso, tem uma estrela vermelha de cinco pontas dentro de uma lua crescente. As cores representam o islã (verde), a pureza e a paz (branco) e liberdade (vermelha). A lua crescente e a estrela é um símbolo islâmico. A lua crescente tem ainda um significado importante para os argelinos, que acreditam que ela traz felicidades.

Mapas do país

 
A Argélia, país mediterrâneo do Norte da África, cuja capital é Argel (Algiers).



A Argélia faz fronteira com diversos paises, entre eles o Marrocos, a Tunísia e a Líbia. 

Dados do país


Nome do país:   República Democrática Popular da Argélia (Al Jumhuriyah al Jaza´iriyah ad Dimuqratiyah ash Sha´biyah).

Nome do país (simplificado): Argélia (Algeria ou Al Jaza´ir). 

Continente/localização: África. Norte da África, fronteira com o Mar Mediterrâneo, entre Marrocos e Tunísia.

Área: 2.381.741 km quadrados (10ª área no mundo). 



Fronteiras: 6.734 km, sendo 989 km (Líbia), 1.359 km (Mali), 460 km (Mauritânia), 1.900 km (Marrocos), 951 km (Níger), 1.034 km (Tunísia), 41 km (Saara Ocidental). 



Litoral: 998 km. 



Clima:   Árido/semiárido.



Pontos Extremos: O ponto mais baixo é Chott Melrhir 40m; e o mais alto é Tahat, com 3.003m.

Recursos Naturais: petróleo, gás natural, minério de ferro, 

Capital:  Argel (2.915.000). 


Cidades principais: Oran (769 mil); Constantine (462.000).


Língua: Árabe (oficial), francês, berber ou tamazight (oficial), dialetos incluindo Kabyle Berber (Taqbaylit), Shawiya Berber (Tacawit), Mzab Berber, Tuareg Berber (Tamahaq). 


Religião: Islamismo (98%). Os sunitas predominam.


Moeda: Dinar Argelino.


População: 39.542.166 (2015). 34ª maior população do mundo. 


Atrações turísticas principais:  Além dos sete patrimônios mundiais da UNESCO (Al Qal´a of Beni Hammad, Djemila, Timgad, Vale de M´Zab , Tipasa, Kasbah de Algier e Tassilli N´Ajjer),  destacam-se o "Oued Souf"(oásis, que atrai muitos visitantes durante a festa do tapete entre março e abril); Cânion de Goufi;  Ruínas de Chercell;  Ruínas Romanas de Tirgzit;  Nedroma et Les Trara; Os Mausoléus Reais de Numídia, da Mauritânia e Monumentos Funerários Pré-Islâmicos; Parque Nacional Gouraya; Parque Nacional El Kala; Forte Santa Cruz; Basílica Nossa Senhora da África; Parque Nacional Djurdjura; Museu Nacional Bardo; Praias  (Madagh, Chenoua, Les Andalouses, Cachoeira El-Ourit, Dardara.



Forte de Santa Cruz. Por Ramy Maalouf , CC BY-SA 3.0, Wikimedia Commons.


Canion de Goufi. Por Hamza-sia , CC BY-SA 3.0, Wikimedia Commons.


Mausoléu Real da Mauritânia. Por Lamine Bensaou, CC BY-SA 3.0, Wikimedia Commons.


Dardara. Por Bachounda , CC BY-SA 3.0, Wikimedia Commons. 

Patrimônios Mundiais UNESCO:  A Argélia possui sete locais inscritos como "Patrimônio Mundial", sendo 6 deles "culturais" e um misto (cultural e natural). São eles:

Al Qal´a of Beni Hammad (1980).  Localizada em um lugar montanhoso bastante bonito, Al Qal´a foi a primeira capital da dinastia bérbere dos hamaditas. Construído em 1007 e demolida em 1152, a cidade é um exemplo notável de cidade islâmica fortificada. A mesquita é uma das maiores da Argélia. 

Ruínas da capital dos Hamaditas. Por Fdebbi. CC BY-SA 3.0, Wikimedia Commons.
Maquette de la Qalaâ de Beni Hammad, Por Yelles Talk ,  CC BY-SA 3.0, WC


Djémila (1982). Situada 900 metros acima do nível do mar, Djémila, também chamada de Cuicul, é um interessante exemplo de cidade romana planejada e adaptada para uma localização montanhosa. Tem fórum, templos, basílicias, arcos do triunfo e casas. 

Djémila. Por: Rapidtravelchai. CC BY 2.0.  In: Wikimedia Commons.

 Vale de M´Zab  (1982). O Vale é um tradicional habitat humano, criado no século 10 pelos ibaditas (segundo islámologos, é o ramo do islã, derivado dos Kharijitas, responsável pela morte de Ali, quarto califa e aclamado pelo xiitas como sucessor de Maomé). É um local fonte de inspiração para urbanistas dos dias de hoje, dado o planejamento simples, funcional e perfeito, adaptado ao meio ambiente.


M´Zab. Vale. Argélia. Por فاطنة رائعة -  CC BY-SA 3.0, Wikimedia Commons. 


 Timgad (1982). Excelente exemplo de cidade romana planejada, Timgad, localizada na montanha Aures (uma extensão da cadeia do Atlas na Argélia). 

O Arco Romano de Timgad. Por Rateb, CC BY-SA 3.0, in: Wikimedia Commons.
    
Tipasa (1982) . Localizada na costa do Mediterrâneo, Tipasa foi uma cidade comercial púnica conquistada pelos romanos e transformada em uma base estratégica para a conquista dos reinos da Mauritânia. Ela condensa um grupo de ruínas fenícias, romanas, bizantinas, além de monumentos indígenas como o Kbor er Roumia, o grande mausoléu do rei da Mauritânia.

Tipasa. Por Kebel. CC BY-SA 4.0. In: Wikimedia Commons.
 

 Kasbah of Algiers (1982). O "Kasbah" é um tipo de medina ou cidade islâmica. Localizada em um belo lugar da costa do Mediterrâneo, com vista para as ilhas onde o comércio cartaginês foi estabelecido quatro séculos antes de Cristo. Existem resquícios da cidadela, velhas mesquitas e palácios de estilo otomano assim como resquícios da estrutura urbana tradicional associada a um enraizado senso de comunidade. 

Casbá de Argel. Por Reda Kerbush , CC BY-SA 3.0, in: Wikimedia Commons.

Tassilli N´Ajjer (1982).  Localizado em uma paisagem estilo lunar de grande interesse geológico, Tassilli tem uma dos mais importantes grupo de arte pré-histórica em caverna do mundo. Mais de 1.500 desenhos e gravuras registram as mudanças climáticas, as migrações de animais e a evolução da vida humana no entorno do Saara de 6.000 anos antes de Cristo aos primeiros séculos da era atual.  As formações geológicas forma um maravilhoso cenário, com pedras de areia erodidas formando "florestas de pedra".

Dados geográficos/políticos/econômicos/sociais do país:

História do país:   

1. A história do país começa cinco séculos antes de Cristo. Pelas terras argelinas viviam os povos nativos do Norte da África, conhecidos pelos gregos como "berberes". Os berberes foram empurrados para o interior por vários dominadores, a saber, fenícios, romanos, vândalos, bizantinos, árabes, turcos e franceses.  

2. Depois de mais de um século de dominação francesa (início em 1830), os argelinos lutaram, durante toda a década de 50, pela independência, que finalmente veio em 1962. A Guerra pela Independência da Argélia é marcada pelos historiadores entre os anos de 1954 e 1962. Mais de um milhão de cidadãos franceses que viviam na Argélia (os chamados "pés negros" ou "pieds noirs") deixaram o país no período posterior à independência.

3. 3 de julho de 1962 é a data de independência do país. Em setembro do mesmo ano, Ahmed Ben Bella foi eleito e uma nova constituição foi aprovada por referendo. 

4. Em 1965, o presidente Ben Bella foi deposto por golpe de estado não-violento promovido pelo Coronel Houari Boumediente, considerado o construtor da "Moderna Argélia". Boumediene só viria a ser eleito em 1976 e governou até sua morte, em 1978.

5. Chadli Bedjedid foi eleito presidente em 1979, 1984 e 1988, sendo que uma nova constiuição foi adotada em 1989.

6. O partido político mais tradicional da Argélia, a "Frente de Libertação Nacional "(FLN), foi estabelecido em 1954, lutou pela independência do país e desde então domina a política argelina. 

7. Em 1988, depois de intensa pressão popular, instituiu-se no país o sistema multipartidário.  No entanto, o surpreendente resultado da eleição de 1991 em primeiro turno, na qual o partido radical "Frente Islâmica de Salvação" teve votação expressiva, levou o governo a intervir militarmente, adiando o segundo turno, para se evitar uma radicalização islâmica do país.

8. A situação gerou uma insurgência dos radicais islâmicos entre os anos de 1992 e 1998, gerando mais de 100.000 mortes. O governo venceu a batalha e a frente armada do partido, o "Exército de Salvação Islâmica" foi desfeito em 2000. 

9.   Abdelaziz BOUTEFLIKA, com apoio dos militares,  venceu as eleições em 1999, 2004, 2009 e 2014.

10. Em 2011, o governo, em resposta à "Primavera Árabe" (série de levantes populares contra governantes que estavam há muito tempo no poder, no Oriente Médio e Norte da África), lançou uma série de medidas, entre as quais se destacam a ampliação da participação política feminina nas assembleias locais e o abandono do "Estado de Emergência" decretado dezenove anos antes. 

11. A queda no preço do petróleo, desde 2014, gerou crise na Argélia, devido a dependência do país em relação a receitas dos hidrocarbonetos.