domingo, 18 de fevereiro de 2018

LUGARES ESPETACULARES - PIRÂMIDES DE MEROÉ, SUDÃO

Quando se fala em pirâmides, logo se pensa no Egito e suas fabulosas construções - Queóps, Quefren e Miquerinos, chamadas "Pirâmides de Gizé", são as principais. Mas nem só no Egito foram construídas pirâmides - há muitas delas nas Américas (culturas pré-colombianas - Maias e Astecas), na China e há também particularmente um conjunto bastante interessante em outro país do Norte da África, o Sudão, chamadas de "Pirâmides de Meroé"Sobre as últimas, que constituem a maior concentração de pirâmides do mundo, é que falaremos a seguir.

Inicialmente, vale lembrar que as pirâmides de Meroé fazem parte de um sítio arqueológico mais amplo, intitulado "Sítios Arqueológicos da Ilha de Meroe", enquadrado pela UNESCO como Patrimônio Mundial Cultural da Humanidade desde 2011.  A referência a "ilha" se justifica pelo fato de que o local era, antigamente, rodeado por um rio, que hoje está seco.

Importante notar que as pirâmides em Meroé tem formato diferenciado em relação às mais famosas egípcias, sendo mais estreitas e alongadas.

As pirâmides e o sítio arqueológico de Meroé no Sudão. Foto: Fabrizio Demartis. CC BY-SA 2.0.


As fabulosas Pirâmides de Meroé, no Sudão.  Foto: Sunesis. In: Wikimedia Commons.
Meroé , localizada entre os rios Nilo e Atbara (Norte da África), foi o coração, e última capital (as duas primeiras foram Kerma e Napata), do "Reino Cuche (ou "Cuxe", ou ainda no inglês "Kush"), um vasto poder imperial ("os faraós negros") que dominou aquela região entre os séculos VIII a.C e IV d.C.  Localizada cerca de 200 quilômetros a nordeste de Cartum, a atração é pouco visitada, notadamente se considerarmos que o país em questão, o Sudão, passou por graves crises e conflitos internos, sendo de se destacar que a porção sul se separou e formou um novo país, o "Sudão do Sul".

Meroé localiza-se à nordeste da Capital do Sudão, Cartum.

As "Pirâmides de Meroé" são também chamadas de "Pirâmides Núbias".  Tal se deve ao fato de que estão localizadas na antiga região da Núbia, no vale do Rio Nilo, que hoje corresponde a parte do Egito e  parte do Sudão (mais precisamente entre Assuã, no Egito e Dongola, no Sudão).  A Núbia pode ser definida como a região do encontro da África Negra com o Egito. Ou seja, da região subsaariana com o norte da África.

Assim como as egípcias, as pirâmides núbias de Meroé tinham como função serem monumentos funerários.

Meroé, a capital histórica do Reino de Cuche, teve seu declínio no século IV d. C, sendo conquistada pelos etíopes de Axum, sob a liderança de Ezana (homem que fez do cristianismo a religião principal da Etiópia).

Pouco se sabe sobre a civilização Cuche. Pior ainda foi a destruição causada por um explorador italiano, de nome Giuseppe Ferlini, em 1834, que explodiu com dinamite o topo de todas as Pirâmides de Meroé em busca de ouro. 

Pirâmide em Meroé. Foto: Diakhalil. CC BY-SA 3.0 in: Wikimedia Commons.
Há muito ainda a ser explorado, em termos arqueológicos, no sítio de Meroé, com ameaças constantes às descobertas (sanções econômicas contra o país, construção de hidrelétrica, guerra civil, conflitos internos).

As ruínas de Meroé recebem apenas 15 mil turistas por ano. 

domingo, 4 de fevereiro de 2018

GDANSK, ESTRELA DO BÁLTICO!

Gdansk é, além de uma das cidades mais importantes da Polônia, uma das belíssimas atrações daquele país, localizada no Mar Báltico. Fazendo parte da Pomerânia e banhada pelo rio Vistula e pelo mar báltico, Gdansk tem importantes atrações, além de fatos e histórias que merecem ser contadas:

Gdansk tem um belo centro histórico.
1. Fundada no século X (são, portanto, mais de mil anos de história), a cidade já foi ocupada por alemães, poloneses e pelos cavaleiros teutônicos (1308). Pertenceu à "Liga Hanseática".  Entre 1793 e 1945, com o intervalo entre 1919 e 1939,  esteve sob o domínio alemão (antes Prússia), sendo chamada de "Danzig".  Danzig foi transformada em "Cidade Livre de Danzig" ou "Cidade Autônoma" em decorrência do Tratado de Versalhes (pós Primeira Guerra Mundial), em 1919, tratado esse que impôs severas restrições à Alemanha, derrotada naquela oportunidade. Nesse sentido, Danzig não pertencia nem à Alemanha, nem à Polônia, mas também não se constituiu num estado independente - à Liga das Nações cabia a tutela. Danzig fazia parte do famoso "corredor polonês", estreita faixa de terra de 150 km no atual território polonês dado àquela nação como forma de acesso ao Báltico. Hitler tomou de novo a cidade em 1939 e a manteve até 1945.

2. Foi em Gdansk que a Segunda Guerra Mundial teve início em 1º de setembro de 1939 com o ataque a Westerplatte, península pertencente à Danzig, em operação que se convencionou chamar "blitzkrieg" ("guerra relâmpago"). Foi aqui que o major Henryk Sucharski (1898-1946) resistiu bravamente às forças nazistas por sete dias, embora sem sucesso ao final. A expectativa dos soldados de Hitler era a tomada em poucas horas. Por isso, Sucharski é hoje um herói nacional da resistência polonesa em relação aos nazistas. O saldo da guerra para a cidade foi a sua quase completa destruição. Precisou ser reconstruída. Hoje tem muito do esplendor do que era antes.

3. Gdansk, em termos urbanos, não está isolada. Há duas outras cidades - Sopot, cidade costeira e a portuária Gdynia - que fazem com ela o que os poloneses chamam de "trojmiasto" que, em bom português, significa "Três cidades".

O curioso prédio retorcido de Sopot (Kryzywy Domek). CC BY-SA 3.0. In: WC.


4. O símbolo de Gdansk é netuno, o deus romano do mar.  Nada mais correto em uma cidade com vocação marítima. No coração da cidade velha reina a "Fonte de Netuno".

A Fonte de Netuno em Gdansk. Ao fundo, a Casa de Artus.

5. Gdansk é conhecida pelo comércio de âmbar. O âmbar é uma resina fóssil muito utilizada para confecção de objetos ornamentais, como brincos, colares. Não é mineral, mas tem status de pedra preciosa. Na Polônia, de clima temperado, foi produzida a partir dos pinheiros A resina agia como proteção contra insetos e bactérias que perfuravam as cascas dessas árvores. A substância, ao sair da árvore, se polimerizava (uma das formas de fossilização), formando uma substância endurecida. Segundo os comerciantes locais, o âmbar verdadeiro flutua na água; o falso, afunda.

Peças em âmbar em loja de Gdansk.


6. Gdansk é também a cidade em que surgiu o famoso sindicato "Solidariedade" (Solidarnósc). O Estaleiro de Gdansk é o marco do sindicato. O maior marco do Estaleiro é o seu portão, conservado como era nos tempos de greve.  Há uma praça inclusive que faz alusão ao importante sindicato, que já foi liderado por Lech Walesa e foi um baluarte na derrota do comunismo naquele país.

A marca do Solidariedade.

O Portão dos Estaleiros de Gdansk é mantido como nos tempos da greve.

7. O futebol não é o forte da cidade. O Lechia Gdansk foi fundado em 1945 e só tem uma Copa da Polônia no currículo (e nunca conquistou o campeonato polonês da primeira divisão). Mas o estádio da cidade, o PGE Arena, é simplesmente maravilhoso - feito de âmbar, foi inaugurado em 2010 para ser sede de vários jogos da Eurocopa 2012 (na primeira fase, jogaram Espanha vs Itália e Itália vs Irlanda; nas quartas de final, Alemanha vs Grécia).

PGE Arena em Gdansk. Foto de Dariusz Boczek. CC BY-SA 3.0. In: wikimedia commons.
8. O "Guindaste de Gdansk" (Zuraw Gdansk), de madeira, é uma atração da cidade, traduzida até em souvenirs. Era utilizada para a descarga de mercadorias. Foi construído em 1.444.

Guindaste de Gdansk. Foto de DerHexer. In: wikimedia commons.

9.  Igrejas, como em toda a Polônia, merecem menção. Em Gdansk, destacam-se a Igreja de Santa Maria e a Catedral de Oliwa.  Santa Maria é a maior igreja medieval construída com tijolos em toda a Europa. Destaca-se o relógio astronômico, que mostra horas, dias e até os feriados; a noite, há também a aparição de figuras representando Adão e Eva, apóstolos, os três reis magos. No interior da igreja, destaque para dois painéis: o da Caridade e o dos Dez Mandamentos. Na Catedral de Oliwa, chama a atenção o belíssimo órgão. 

Santa Maria em Gdansk.

Catedral de Oliwa.

10. Outras  atrações da cidade: Ulica Dluga (a "rua longa", a mais emblemática rua da cidade; a maioria dos prédios foi destruída na Segunda Guerra Mundial; hoje reconstruiu-se os prédios principais); Dlugi Targ (também uma das principais ruas do centro histórico, é onde está a Fonte de Netuno); Artus Court (lugar de encontro da burguesia na Idade Média); Museu Marítimo Polonês; Museu Nacional.